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Manejo reprodutivo eficiente de vacas leiteiras é fundamental para o sucesso da produção
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Publicado em 29/06/2023

Médico veterinário Luciano Thomas, associado da Unitec, explica o passo a passo de um manejo ideal que visa a eficiência e a rentabilidade da atividade leiteira

 

O manejo reprodutivo eficiente de vacas leiteiras é fundamental para o sucesso da produção de leite nas propriedades. Isso porque, fisiologicamente, as vacas devem parir para produzir leite. A explicação é do médico veterinário Luciano Thomas, associado da Unitec.

Natural de Giruá e residente em Estação, no Norte do Estado, o profissional presta serviços para a Cooperativa Santa Clara, atuando junto às propriedades de produtores de leite associados da cooperativa com a realização de assistência técnica aos rebanhos nas áreas de clínica, cirurgia, sanidade e reprodução animal.

Thomas destaca que, uma vez que a vaca esteja prenhe, é preciso fazer o possível para que ela tenha condições de ter um parto normal saudável e, consequentemente, o início da produção leiteira de forma satisfatória. “O desempenho reprodutivo assume uma importância primordial nas propriedades, porque como a vaca precisa parir para fornecer leite, a reprodução dela vai determinar a produção de leite na propriedade.”

 

‘Futuras vacas são, hoje, as terneiras e novilhas; elas precisam ser criadas e manejadas de acordo com as necessidades e padrões de cada raça’

Segundo o médico veterinário, o esperado é que a vaca tenha, em média, um parto ao ano, visando a máxima eficiência. “É necessário visualizar que as futuras vacas são, hoje, as terneiras e novilhas, que estão em crescimento. E, portanto, precisam ser criadas e manejadas de acordo com as necessidades e padrões de cada raça – tendo a Holandês como a mais difundida mundialmente”, afirma.

As terneiras e novilhas atingem a puberdade por volta de um ano, e deverão ser inseminadas quando atingirem de 13 a 15 meses de idade, com peso vivo em torno de 360 a 380 quilos e com altura adequada. O profissional acrescenta que também é preciso atentar ao Escore de Condição Corporal (ECC), índice avaliado de acordo com a visualização e palpação da deposição de gordura em determinadas regiões do animal, de forma a estimar seu estado nutricional. O ECC avalia, de 1 a 5, a deposição de gordura que o animal tem, ou seja, escore 1 significa que o animal está caquético e 5 um animal obeso.

Thomas segue esclarecendo que, durante a puberdade e inseminação do animal, o escore deve ser de, no máximo 3. Na raça Holandês, segundo ele, esse padrão corrobora com estudos científicos atuais que mostram que uma novilha, do nascimento até o primeiro parto, deve ganhar 700 gramas diárias de peso vivo, na tentativa de se conseguir um início produtivo do animal com rentabilidade e saúde no pós-parto. E, para atingir isso, são necessários alimentação e manejo adequados em cada fase em que o animal se encontra.

Após a novilha ser criada e manejada de acordo com padrão da raça, ela vem a parir. Neste período, é fundamental observar que o útero da vaca, que estava com o tamanho capaz de gestar um feto de aproximadamente 40 quilos, esteja, no exame ginecológico, totalmente involuído e do tamanho um pouco maior do que a mão do veterinário. “Isto 30 dias após o parto, quando é verificado se o animal apresenta alguma patologia, infecções ou cistos. Se estiver saudável e o tamanho do útero ideal, com ciclicidade ovariana, permite que seja liberada para a próxima inseminação.”

 

Após o primeiro parto, período voluntário de espera deve ser de, no máximo, 70 a 80 dias

Ele destaca que a ultrassonografia por palpação retal se mostra muito eficaz no acompanhamento do rebanho leiteiro. E reitera que as propriedades, após o parto da vaca, devem manter um período voluntário de espera de, no máximo, 70 a 80 dias.

“Então os animais são avaliados novamente e, se não entrarem no cio naturalmente, deve-se optar por técnicas de sincronização de cio ou implantes intravaginais, com aplicação de hormônios, o que possibilita uma inseminação artificial em tempo fixo sem a necessidade de observação de cio, podendo otimizar a reprodução do plantel, visto que as vacas, fisiologicamente, devem manifestar cio a cada 21 dias, em média”, enfatiza.

Contudo, se o animal foi inseminado com 50 a 60 dias pós-parto, já recebeu a oportunidade de conceber novamente. Se a vaca ficou prenhe, em 30 dias após o parto é feita uma avaliação ginecológica, por meio do ultrassom, para confirmar se ela está gestando.

Após a confirmação precoce da gestação, a cada visita na propriedade o profissional técnico continua avaliando o desenvolvimento do feto até o período que faz a interrupção da lactação da vaca, ou seja, a secagem do animal. Thomas explica que existem técnicas para isso e que o processo é muito importante, pois renova a glândula mamária da vaca e a prepara para o próximo parto.

“Esse período é muito importante para o animal. Temos que dar atenção especial para que a vaca possa parir com saúde. Para isso, é necessário proporcionar as condições ideais. A vaca não pode parir obesa; precisa ter uma pequena reserva de gordura porque vai precisar para produzir um grande volume de leite, sendo o ideal um escore corporal de 3,5”, acrescenta.

 

Bem-estar animal faz a diferença na reprodução e na produção de leite

O médico veterinário frisa que, para garantir um manejo reprodutivo adequado às vacas, a disponibilização de uma dieta pré-parto é fundamental, bem como conforto e um ambiente com sombra e água limpa e abundante, espaço de cocho adequado, permitindo que possa parir naturalmente, ou seja, o bem-estar animal faz a diferença na reprodução e na produção de leite.

Após o segundo parto da vaca, o ciclo é repetitivo; torna-se uma rotina. Ele reforça que a reprodução dos animais ocorra na propriedade, a fim de maximizar a possível prenhez do animal, detecção eficiente de cio ou sincronização de cio, inseminação artificial com sêmens de touros melhoradores, tanto no que se refere à produção de leite como na saúde do animal.

“Importante priorizar o período de espera e se atrasar já inseminar com sêmen adequado, de acordo com a avaliação da genética do animal. A atividade leiteira é detalhista e demanda estratégias. Por isso, é fundamental ter acompanhamento profissional veterinário e de nutricionista do rebanho, e sempre registrar e monitorar os índices da propriedade. Sem esquecer de manter o calendário vacinal do rebanho em dia. Isso tudo garante que a atividade seja cada vez mais eficiente e rentável ao produtor”, finaliza Thomas.

 Texto: Assessoria de comunicação Unitec

Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999

Foto: Divulgação

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