A recuperação na produção agrícola do Rio Grande do Sul em 2023, em especial da soja, terá um impacto positivo sobre a atividade, aponta a análise do Boletim de Conjuntura, divulgado nesta terça-feira (11/7). Mesmo com a estiagem que afetou o Estado no início do ano, a quantidade produzida da oleaginosa deve ser 38,9% maior na comparação com 2022, quando a falta de chuvas provocou perdas mais severas.
O desempenho abaixo do esperado da economia mundial no primeiro semestre e as boas perspectivas para a produção das principais culturas agrícolas explicaram a redução dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional no primeiro semestre de 2023. O movimento apontou para a queda nos preços de alguns dos produtos da pauta de exportações do Rio Grande do Sul, como a soja (-23,8%), o milho (21,9%) e o trigo (25,9%), em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda que permaneça em patamares elevados, a inflação também teve um movimento de queda na maioria das economias mundiais, o que também foi registrado no Brasil.
Elaborado pelos pesquisadores do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), Bruna Kasprzak, Martinho Lazzari e Tomás Torezani, o Boletim de Conjuntura analisa questões do contexto internacional, nacional e estadual, além de apontar perspectivas.
Enquanto na agropecuária as estimativas apontam para recuperação, mesmo que em patamares inferiores aos de 2021, último ano sem estiagem, na Indústria e no Comércio o cenário permanece desafiador. Na Indústria de Transformação, segmento industrial mais representativo no Rio Grande do Sul, a tendência de queda contínua na produção, iniciada no primeiro semestre de 2022, se soma a um cenário de baixa confiança dos empresários industriais.
"No curto prazo, porém, espera-se uma melhora na indústria a partir da retomada da produção da Refinaria Alberto Pasqualini, após sua parada técnica. A volta da produção de derivados de petróleo significa um impulso importante na indústria gaúcha", ressalta o pesquisador Martinho Lazzari.
Mundo e Brasil
Ainda que a China tenha registrado desempenho acima do esperado no primeiro trimestre de 2023, os Estados Unidos e os países da Zona do Euro tiveram um ritmo menor de expansão no mesmo período. Conforme a análise do Boletim de Conjuntura, a economia global deve permanecer em estado precário por conta dos efeitos prolongados da pandemia, do conflito na Ucrânia e das políticas para conter a alta da inflação global.
No Brasil, a inflação continua no caminho de desaceleração e as expectativas de crescimento da economia melhoraram de forma consistente após a divulgação dos resultados mais recentes do Produto Interno Bruto (PIB) e dos últimos dados mensais da atividade econômica. Após a alta de 1,9% no PIB do primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2022, a previsão, segundo o Boletim Focus do Banco Central, é de que a economia brasileira cresça 2,1% em 2023.
Texto: Vagner Benites/Ascom SPGG