Embora cada vez mais sem graça, o mundo ainda comemora a data da suposta chegada do homem à Lua. Em 20 de julho de 2023 a façanha completou 54 anos. Palestras, entrevistas na televisão, publicação de artigos e repetição do noticiário da 1969 sobre o assunto marcam a memorável data. Neste ano houve até leilão de porção de solo supostamente trazido do “território” lunar. Não sei o que farão no próximo ano. Só sei que não terão ido à Lua novamente.
Enquanto via pela televisão as surradas imagens do astronauta Armstrong dando aqueles pulinhos em solo lunar, surgiu-me uma intrigante vontade de escrever o que penso desde guri sobre o assunto. Por que só daquela vez, há 54 anos? Se de lá para cá a ciência se multiplicou milhares de vezes, por que é que mesmo assim os cientistas pararam completamente de anunciar viagens semelhantes, seja para a Lua, Marte ou para alguma estrela mais próxima?
Nem que fosse para repetir aquele crime bárbaro e repugnante de mandar como tripulante uma pobre cadelinha, mas teriam que ter feito alguma nave pousar por lá novamente. Pensando na evolução da ciência nesse tempo todo, não tenho dúvida de que deveriam ter sido realizadas no mínimo umas cinco mil viagens pra lá. Isso dá só umas cem por ano.
De 1969 para cá, a evolução ocorrida em todas as áreas do conhecimento humano foi simplesmente espantosa. Transplantes de órgãos, “laser”, transgenia, clonagem, celular, internet, redes sociais virtuais e por aí afora. E os países mais ricos do mundo (alguns pobres também) nunca pararam de investir pesado na pesquisa espacial visando a descobrir se há vida em outros planetas, até porque, comprovadamente, os recursos naturais da Terra estão quase exauridos e por isso, dizem os cientistas, é preciso encontrar outro local com possibilidade de vida, nem que seja para depositar nosso lixo.
Mas nada de novo, há longos 54 anos. É realmente muito tempo para não se ter nenhuma novidade espacial além dos corriqueiros lançamentos de satelitezinhos para tirar fotografias logo ali de cima.
Gostaria de ser ingênuo o suficiente para crer que o homem pisou na Lua, sim. Mas por que não vão agora, quando se tem mais dinheiro e tecnologia?
Como eu, muita gente já foi definitivamente vencida pela incredulidade, não apenas pelo fato de que já passamos meio século sem outra viagem daquelas, mas também porque nos idos de 1969 os governos soviético e americano costumavam mentir descaradamente, um para impressionar o outro. Mentiam sobre o PIB, sobre armas, sobre avanços científicos e tudo o que pudesse fazer o inimigo crer na sua suposta superioridade no caso de uma guerra mundial. Era a chamada guerra fria. Então, na época não custava nada mais uma propaganda enganosa, a mentirinha de ter ido para a Lua.
Há solução para a incredulidade, no entanto. E simples. Basta que vão à Lua agora, quando já não há mais o problema da guerra fria. Ponto.
Mas, sinceramente, acho que vou ter de continuar nessa minha convicção. Definitivamente, para mim, o homem nunca pisou e nunca irá pisar na Lua.
Para todos os efeitos, se o homem foi/vai ou não à Lua ou a outro local fora do planeta Terra, isso não fará muita diferença, pois a obra da Criação é mesmo inescrutável, insondável. Foi isso que percebeu o Salmista quando compôs o Salmo 8: “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele?”.
Por Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)
Foto: J.B.Nardes / Arquivo Rádio JB