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Suspeitos de contrabando de grãos compravam documentos de produtores rurais para legalizar cargas
Publicado em 05/12/2023 21:20
Notícias

A organização criminosa investigada pela Polícia Federal (PF) por movimentar bilhões com o contrabando de grãos e agrotóxico vindos da Argentina usava documentos de produtores rurais para transportar as mercadorias. Conforme a apuração, os chamados "blocos de produtor rural" eram comprados pelos líderes do esquema, que chegavam a prometer arcar com o Imposto de Renda que o uso das notas acarretaria aos verdadeiros donos. Cerca de 60 pessoas são investigadas nas Operações Dangerous e Paschoal. 

O trabalho que embasou a ação da PF nesta terça-feira (5) em 15 cidades do RS, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Maranhão exigiu, desde 2022, esforços na rua para obtenção de flagrantes e imagens. Conforme o delegado Igor Bagatin Alexandre, depois que o grão é despejado nos caminhões de modo a granel, se ele tiver comprovação de origem — o que era feito com as notas compradas pelo grupo — é muito difícil apontar que se trata de mercadoria contrabandeada.  

 

— Por isso, a importância dos flagrantes do barco na beira do rio descarregando, quando a mercadoria entra no Brasil, ou da mercadoria sendo transportada com documento irregular. Importante destacar o trabalho integrado com o 7º Batalhão de Polícia Militar e a Polícia Rodoviária de Ijuí, além da cooperação da Receita Estadual e Receita Federal — disse o delegado Farnei Franco Siqueira, chefe da Delegacia da PF em Santo Ângelo.

Conforme a PF, cada caminhão com mercadoria ilegal levava uma folha do bloco de produtor indicando o tipo de mercadoria, a quantidade e a placa do veículo. Caso fosse parado pela fiscalização, o motorista apenas complementava o documento com a data. Com isso, a carga estava legalizada. Houve casos de flagrantes em que os motoristas não conseguiram fazer o preenchimento a tempo. Numa das situações, ao tentar escrever dirigindo, o caminhoneiro quase causou um acidente.

 

Os produtores que fazem a venda destes documentos (como uma forma de renda extra) podem ter complicação com a Receita Federal, em função do Imposto de Renda devido a partir do uso das notas. E isso chegou a ocorrer, em um caso em que a promessa de um dos líderes de pagar estes valores não foi cumprida. Além disso, se ficar comprovado que sabiam para que os bloco seria usado, podem responder por outros crimes.  

 

O esquema investigado, de contrabando de grãos, especialmente soja e milho, e agrotóxicos, usava portos clandestinos localizados à margem do Rio Uruguai. Segundo a PF, o volume de mercadorias internalizadas, aliada aos valores empregados para evasão de divisas e lavagem de capitais, fizeram com que a organização criminosa movimentasse valor superior a R$ 3,5 bilhões nos últimos cinco anos.

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Foto: Polícia Federal

Fonte: GZH

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