Com o objetivo de conhecer em profundidade a realidade das startups gaúchas, o governo do Estado e o Instituto Caldeira realizaram o estudo RS Tech 2023: as startups do ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul. A realização da pesquisa envolveu as secretarias de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) e de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (13/3) e podem ser acessados pela página do Departamento de Economia e Estatística da SPGG.
A titular da Sict, Simone Stülp, celebrou a divulgação dos dados: “Esse estudo nos dá um panorama muito importante sobre a realidade das startups gaúchas. Estamos muito felizes de ter feito esse esforço conjunto para conhecer melhor o cenário em que estamos inseridos. Divulgar esses dados na véspera do South Summit Brazil certamente vai ajudar o ecossistema e movimentar ainda mais os negócios da área”, comenta.
A iniciativa, que conta com a parceria estratégica do SebraeX, da Associação Gaúcha de Startups (AGS), da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp) e do South Summit Brazil, além de apoio do Grupo RBS, pesquisou o perfil das startups gaúchas e de seus fundadores, a importância dessas empresas para a economia do RS e os principais desafios relativos à competitividade.
Foram consideradas as startups que estivessem de acordo com o que foi definido pelo Marco Legal das Startups, isto é, empresas com até dez anos de história, que tivessem faturamento de até R$ 16 milhões e que pelo menos metade da equipe trabalhasse no Estado. Mais de 300 participações foram registradas.
O estudo foi realizado de forma exclusivamente on-line e autodeclaratória partir de um questionário composto por 120 questões. As respostas foram coletadas durante cem dias, de dezembro de 2022 a março de 2023.
De acordo com a titular da SPGG, Danielle Calazans, as políticas públicas, quando baseadas em evidências, possuem um potencial muito maior de sucesso. "Essa pesquisa, rica em informações inéditas sobre as startups gaúchas, está alinhada com o esforço que o planejamento tem feito para orientar a tomada de decisões e direcionar o alinhamento estratégico do governo a partir de dados confiáveis”, explica.
“Uma cultura orientada por dados traz mais clareza para as estratégias e políticas públicas necessárias para o desenvolvimento do nosso ecossistema, além de oferecer informações importantes para continuarmos gerando valor aos nossos empreendedores”, complementa o CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério.
Dentre as motivações destacadas para o estudo, constam a ampliação e o aprofundamento da oferta de estatísticas; o oferecimento de subsídios para a elaboração e o aperfeiçoamento de ações de apoio; e o acompanhamento da evolução do setor gaúcho de startups. O objetivo, assim, é trazer informações inéditas que permitam conhecer em profundidade as startups gaúchas, suas interações com o ecossistema de inovação e as limitações que afetam o seu desempenho.
De acordo com pesquisador do departamento de Economia e Estatística da SPGG e coordenador da pesquisa, Rodrigo da Costa, houve um compromisso em relação aos dados científicos para o estudo. “Garantimos a possibilidade inédita de retratar, de maneira científica, como são as startups gaúchas, a sua importância para a economia do Rio Grande do Sul e quais são as dificuldades que elas enfrentam no nosso ecossistema de inovação”, pontua.
PRINCIPAIS RESULTADOS
- As startups atuam nos mais diversos mercados: 68% atuam em um dos dez segmentos de mercado mais citados (Health Tech, Ag Tech, Gestão de Negócios, Ed Tech, Retail Tech, Serviços, Bio Tech, Real Estate/Construtech, Green Tech, Food Tech).
- As startups são jovens: 78% foram fundadas nos últimos 5 anos; 50% estão na fase de pré-operação (ideação, validação e operação inicial) e outros 50% estão em operação (operação, tração, scale up).
- As startups podem começar a faturar cedo: 60% realizaram o primeiro faturamento antes de completar seis meses, mas 23% ainda não tiveram o primeiro faturamento.
- As startups crescem rápido: 64% das startups apresentam crescimento de faturamento superior a 20% ao ano.
- As startups estão gerando empregos: 43% das startups têm equipe com 6 ou mais funcionários.
- O conhecimento de mestres, doutores e pós-graduados é relevante: 35,6% dos fundadores de startups são mestres ou doutores; 30,1% possuem MBA ou especialização; 20,8% têm superior completo e 13,5% têm superior incompleto ou médio. Além disso, 54% das startups contam com mestres ou doutores na equipe.
- Entre as startups consolidadas que informaram já terem lançado inovações no mercado (com múltiplas respostas por alternativa), 29% declararam que inovaram com grau de novidade novo para o mundo; 49%, novo para o Brasil; e 32%, novo apenas para o Rio Grande do Sul.
- As startups atuam em tecnologias estratégicas: 87% atuam no desenvolvimento de tecnologias estratégicas para o RS. Os setores mais citados são: software e hardware; computação em nuvem; inteligência artificial; dispositivos web e comunicação; manufatura padrão avançada; biotecnologia e internet das coisas (IoT).
- As startups começam com recursos próprios: 89% investiram com recursos próprios; 55,5% utilizaram apenas essa fonte de recursos para iniciar; 50% começaram com até R$ 50 mil.
- As startups participam de incubadoras (mas não tanto quanto poderiam): 34% estão situadas em incubadoras (total ou parcialmente), mas apenas 14% graduaram-se em incubadoras; 28,5% das startups têm ou já tiveram relação com aceleradoras.
- As startups passam pouco por rodadas de investimento: 21% receberam recursos por meio de rodadas de investimentos; dessas, aproximadamente a metade (equivalente a 10% do total) recebeu recursos através de investidor-anjo.
- As startups precisam ser conectadas às políticas públicas de apoio: 71,6% não conhecem ou não buscaram acessar políticas públicas de apoio a startups (dessas, 34% conhecem, mas não buscaram acessar, e 37,7% não conhecem); 14,5% conhecem e já acessaram políticas públicas de apoio a startups, e 14% tentaram acessar e não obtiveram sucesso.
- As startups possuem dificuldades para acessar linhas de crédito de instituições financeiras: 74% nunca procuraram acessar linhas de crédito de instituições financeiras públicas ou privadas, 8,7% tentaram acessar e não obtiveram sucesso, e 16,5% já acessaram.
- Desafios e oportunidades das startups gaúchas:
49% - Gestão de marketing e vendas;
31% - Gestão organizacional para o crescimento;
31% - Preparação para rodadas de investimentos;
30% - Planejamento e estratégia;
As startups enfrentam dificuldades de contratação.
- 55% indicaram alguma dificuldade de contratação de profissionais no RS. As principais áreas citadas: programadores; desenvolvedores de aplicativos; desenvolvedores de plataformas digitais; vendas, marketing, comunicação e mídias sociais; cientista de dados.
- As startups interagem com o ecossistema gaúcho para desenvolver inovações: 83% buscaram conhecimento com algum ator do ecossistema gaúcho de inovação.
- Atores locais mais frequentemente buscados: universidades e instituições de ensino superior; parques tecnológicos; outras startups; organizações do sistema S; hubs de inovação.
- As startups alcançam o Brasil, mas podem alcançar o mundo: 75,5% vendem para além do RS; 25,5% só para o RS; 47,6% para o RS e para o Brasil; 13,2% para o RS, para o BRasil e para o exterior; 12,3% apenas para o Brasil; 1,4% outros; 15% já fizeram uma transação internacional. O cenário é melhor que o da média nacional, mas com espaço para avanços.
- Percepção sobre o ecossistema de inovação do RS: O RS está entre os melhores ecossistemas de inovação do Brasil; 53,6% avaliam o nível de desenvolvimento do ecossistema gaúcho de inovação como alto ou médio-alto; 77% avaliam que o nível de desenvolvimento do ecossistema de inovação é médio-alto ou médio.
- O RS tem muito a avançar em relação aos líderes globais: 41% avaliam o nível de desenvolvimento do ecossistema gaúcho de inovação como médio em relação ao mundo.
Texto: Jéssica Moraes/Ascom Sict e Ascom SPGG