Offline
Há 60 anos, Horizontina deu o primeiro passo da mecanização agrícola no Brasil
Memorial da Evolução Agrícola celebra o aniversário da SLC 65-A, a primeira colheitadeira automotriz produzida no país
Por Rádio JB
Publicado em 04/11/2025 20:16
Regionais
A SLC 65-A representou um salto industrial e tecnológico inédito na agricultura brasileira. Crédito: Betina Cesa/Divulgação MEA

Em 1965, o Brasil vivia um momento decisivo para o futuro da agricultura. No município de Horizontina (RS), nascia a SLC 65-A, primeira colheitadeira automotriz fabricada no país, resultado de um ousado projeto da empresa gaúcha Schneider Logemann & Cia. (SLC). Seis décadas depois, o equipamento pioneiro segue preservado e em exposição no MEA - Memorial da Evolução Agrícola, espaço dedicado à história e às transformações tecnológicas do campo brasileiro.

A SLC 65-A representou um salto industrial e tecnológico inédito no Brasil. Fruto de anos de pesquisa e engenharia reversa, — que envolveu a compra e desmontagem de uma colheitadeira automotriz John Deere modelo 55, para compreender seu funcionamento —, a máquina nacionalizou o conceito de colheita moderna.

Lançada em 5 de novembro de 1965, a 65-A realizava as funções de ceifadeira e trilhadeira, com a grande inovação de ser autopropelida, ou seja, não precisava ser puxada por um trator ou animais. O feito foi extraordinário não apenas pela complexidade técnica do equipamento, mas por ter sido alcançado por uma indústria localizada no interior do Rio Grande do Sul.

A produção da 65-A simboliza o início da mecanização da agricultura brasileira e alçou o município de Horizontina como a capital da evolução agrícola no país.

De uma máquina pioneira à expansão industrial

O impacto da SLC 65-A foi imediato. De apenas uma unidade produzida em 1965, a SLC passou para 12 unidades no ano seguinte e, em poucos anos, fabricava centenas de máquinas. Em 1973, a empresa já vendia mais de mil colheitadeiras por ano, e em 1976, ultrapassava duas mil unidades comercializadas.

O avanço da produção impulsionou o desenvolvimento regional e projetou o nome de Horizontina no cenário nacional. A inovação gaúcha mostrava que o Brasil era capaz de dominar tecnologias de ponta e adaptá-las às realidades do campo.

Anos mais tarde, a SLC deu outro passo visionário ao associar-se à John Deere, líder mundial na fabricação de equipamentos agrícolas. A parceria resultou em um salto de modernização, com a incorporação de novas tecnologias que levaram a indústria de Horizontina a conquistar mais de um terço do mercado brasileiro de colheitadeiras.

A partir daí, as máquinas produzidas na cidade passaram também a ser exportadas para países como Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai, entre outros.

A força da memória e da inovação

No MEA - Memorial da Evolução Agrícola, a SLC 65-A está em exibição como testemunho vivo da transformação do campo. O espaço convida o público a conhecer de perto a trajetória da mecanização agrícola por meio de painéis, peças cenográficas, vídeos e experiências interativas que abordam temas como Ciência Aplicada à Agricultura, Mecanização e Tecnologia e o Avanço da Fronteira Agrícola.

“Celebrar os 60 anos da 65-A é reconhecer o valor da criatividade, da persistência e da visão de futuro que moldaram a história da agricultura brasileira. Cada visitante que conhece a colheitadeira entende que o progresso no campo começou com uma ideia ousada e muito trabalho coletivo”, reforça Karina Muniz Viana, diretora do MEA.

image.jpeg

Foto aérea de 1970 da Fábrica 1 da SLC, em Horizontina (RS). Crédito: Takaki Fotos/Divulgação MEA.

https://drive.google.com/file/d/1Vsd1Z9XADU34_EHEhqbudG4Hjt499R01/view 

Com o mesmo propósito de preservar a memória e valorizar as pessoas que construíram essa história, o MEA realiza, em 5 de novembro, a abertura da exposição “Memórias da Fábrica”. A mostra celebra a trajetória dos trabalhadores da SLC e sua contribuição para o desenvolvimento econômico, social e cultural da região. Reunindo entrevistas, fotografias, documentos e relatos de quem viveu intensamente o cotidiano fabril, a exposição revela a dimensão humana por trás das grandes transformações industriais.

 

A iniciativa também convida o público a participar ativamente, compartilhando lembranças, fotografias e objetos que ampliam a narrativa coletiva, tornando visíveis as histórias e experiências que construíram a identidade local.

 

Serviço

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO: “MEMÓRIAS DA FÁBRICA”

Data: 05/11/2025

Horário: 18h30min

Local: Recepção do Memorial



SOBRE O MEA

‍Todas as atividades do MEA são gratuitas e de classificação livre. 

Estacionamento exclusivo para visitantes. Não fecha ao meio dia.

Prédio do Memorial: de quarta a domingo e feriados, das 9h às 17h (entrada na exposição até às 16h30).

Área externa do MEA: de terça a domingo e feriados, das 8h às 22h. 

O MEA - Memorial da Evolução Agrícola é uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto John Deere, através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), e tem como patrocinador master a John Deere Brasil.

Ocupa uma área de 64 mil m2 em Horizontina, no Rio Grande do Sul, proporcionando atividades de arte, cultura, educação, meio ambiente, esporte e lazer. De forma tecnológica e imersiva, o MEA conta a história da agricultura brasileira com o objetivo de provocar, trocar e produzir conhecimento em prol da sociedade e da diversidade cultural e ambiental. Todas suas atividades culturais, educativas e de bem-estar são oferecidas gratuitamente e de classificação livre. Conta com amplo estacionamento gratuito para os visitantes. 

Além do espaço da exposição de longa duração e das oficinas culturais e das sala multiuso, o complexo tem quadras esportivas, academia a céu aberto, parquinhos para crianças de até 12 anos, amplo espaço para práticas ao ar livre, John Deere Store e a unidade Senai Horizontina (RS).

Comentários
Comentário enviado com sucesso!