O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), afirmou nesta sexta-feira (28) que o início do cumprimento da pena do ex-presidente Jair Bolsonaro — condenado por tentativa de golpe de Estado — pode abrir espaço para uma reconfiguração política na direita rumo ao centro, com foco nas eleições de 2026. A declaração foi feita durante almoço com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), conforme informações da Band.
Segundo Leite, o possível diálogo entre centro e direita bolsonarista depende do abandono do extremismo por parte desse campo político. Questionado sobre uma eventual aliança com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o gaúcho foi direto:
“O governador Tarcísio tem habilidade de gestão, conhecimento técnico e capacidade política, mas, para que se construa alguma coalizão, ele é quem deve deixar o bolsonarismo e vir mais ao centro. Não o contrário; não é o centro que vai se bolsonarizar”, afirmou.
Leite avaliou que a prisão de Bolsonaro pode alterar o tabuleiro político, permitindo aproximação entre setores da centro-direita e uma direita que, segundo ele, “eventualmente se associou” ao ex-presidente. Mas reforçou que o movimento depende de mudança de postura:
“Se houver disposição de quem aderiu a Bolsonaro de vir para o centro, esse diálogo pode acontecer”, disse.
O governador também reiterou que está “à disposição” para disputar a Presidência da República em 2026, mas afirmou que pode apoiar outro nome, desde que haja convergência programática:
“Minha vontade como brasileiro é maior do que minha vontade como político. Quero que o Brasil vá para frente. Se tiver que liderar esse processo, estou à disposição. Se houver outro líder com a agenda correta, vamos trabalhar para ajudar o Brasil.”
Apesar da sinalização, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem indicado preferência pelo governador do Paraná, Ratinho Junior, como possível candidato do partido. Outra alternativa seria apoiar uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas.
Eduardo Leite ainda comentou a mudança na liderança do PSDB, seu antigo partido, que voltou a ser presidido pelo deputado federal Aécio Neves (MG). Ele afirmou ter “grande respeito” pelo mineiro e desejou “sorte na condução do PSDB”. Os dois já foram aliados e adversários dentro da sigla, especialmente durante disputas internas que antecederam a saída de Leite do partido.
