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Transformação. Por Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)
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Publicado em 16/08/2023

Qual a razão que leva muitas pessoas a viverem desorganizadas, sem prazer no trabalho, sem disciplina, submissas a tudo e a todos, instáveis e por isso indignas de confiança?

         A razão consiste numa coisa simples e óbvia: falta de atitude. Atitude de líder.

         No livro O ESPÍRITO DE LIDERANÇA (Munroe, Myles. MG, Ed. Motivar, 2006, pp. 22/25) encontramos uma história impressionante contada ao autor por um ancião camponês do Zimbábue (país do sul da África).

         Ao conduzir suas ovelhas ao pasto, o velho pastor encontra um filhote de leão perdido entre os arbustos. Certificando-se de que não há nenhum leão adulto por perto, toma o leãozinho e o leva para a fazenda. Por oito meses alimenta o filhote com leite, mantendo-o abrigado no curral das ovelhas.

         Já desmamado e comendo de tudo o que um leão adulto come, o exuberante animal segue livremente as ovelhas por onde quer que andem pastando, pois, afinal, por ter crescido com elas, tornara-se um fiel amigo de todo o rebanho. Seu comportamento nada tem a ver com um leão. É uma ovelha em forma de leão.

         Certo dia, quando o leão já conta quatro anos de idade, o pastor observa o rebanho, que bebe água no rio. De repente, na outra margem surge do mato um leão que espreita o rebanho. As ovelhas entram em pânico, iniciando uma desabalada corrida em direção ao curral. O mesmo desespero toma conta do leãozinho, que com elas também corre depressa para o abrigo. É a primeira vez que ele vê um leão de verdade.

         Amontoados no curral, leão e ovelhas estremecem a cada rugido que vem da beira do rio.

         Poucos dias depois, o experiente pastor presencia uma cena que o deixa admirado. Mal o rebanho chega à margem do rio para beber água, e o leão-ovelha dá um enorme salto para trás, só parando de correr quando entra no curral. Só ele. As ovelhas continuam bebendo água tranquilamente. O animal havia enxergado sua imagem refletida na água, associando-a com a fera que tentara atacar o rebanho.

         Só depois de muitos sustos o leão domesticado se acostuma com sua aparência e volta a beber com as ovelhas.

         Agora já sem medo do reflexo da sua cara na água, eis que surge novamente um leão selvagem na outra margem. Repete-se a corrida desesperada para casa. Corrida agora só das ovelhas. O leão domesticado decide esperar na beira do rio. Nisso o leão selvagem entra na água, aos urros ensurdecedores. O leão-ovelha, vendo que a grande fera selvagem se aproxima, caminha em círculos, meio agachado, ganindo e urinando como um cão amedrontado. Mas não foge.

         O selvagem retrocede um pouco, dando as costas para o domesticado, e de novo urra e olha para trás, como a dizer: “venha comigo para a selva, experimente urrar como eu”.

         O aprendiz de leão tenta urrar. Mas só o que sai é uma mistura de balido com ganido. Um resmungo. Só depois de sete ou oito tentativas acontece o primeiro urro do leão que até ali vivera vida de ovelha sem ter a mínima ideia do que era capaz, de tudo o que havia no seu ser de leão. De rei leão.

         Mas os urros quase perfeitos emitidos pelo aprendiz de leão não bastam para o grande líder da selva, que não desiste. Sempre rugindo, por várias vezes sai do rio, entra na mata, retorna para o rio e novamente dá as costas para o pupilo. Na sua linguagem, ele insiste: “Atravesse o rio, vem comigo, embrenhe-se no mato, você é um leão como eu, você é capaz, acredite!”.

         E finalmente o leãozinho passa o rio e desaparece na floresta, soltando rugidos idênticos aos de seu líder. Já não se parece com ovelha. Sua atitude arriscada o transformara.

Por Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)

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