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Fogo de chão é extinto na Fazenda Boqueirão
Publicado em 06/02/2025 13:42
Estaduais


No coração da Fazenda Boqueirão, em São Sepé, o que antes era um símbolo de cultura e tradição gaúcha se apagou. Após 200 anos ininterruptos de queima, o famoso "fogo de chão" teve seu último brilho no dia 8 de janeiro, data que também marcou o aniversário de 60 anos de Cláudia Pires Portela, proprietária da fazenda. O motivo para essa extinção, segundo Cláudia, foi a falta de lenha disponível: "Não tem mais lenha seca, próxima ao mato. Seria humanamente impossível abrir uma picada no mato para derrubar árvore nativa", explica ela, refletindo sobre a dificuldade em manter uma tradição que, embora rica em história, virou um desafio ambiental.

Comumente confundido com a Chama Crioula, acesa anualmente pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o fogo de chão na Fazenda Boqueirão tinha suas peculiaridades, sendo um testemunho de gerações de dedicação e respeito à cultura local. Seu fim, portanto, representa não apenas a extinção de uma prática, mas uma perda significativa para a identidade cultural da região.

A notoriedade do fogo de chão aumentou em 2016, quando a chama foi fundida com a Tocha Olímpica durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, tornando-se um emblema da união entre tradição e modernidade. No entanto, mesmo com essa visibilidade, a realidade ambiental que afeta muitas regiões do Brasil trouxe à tona a urgência de preservar os recursos naturais.

Enquanto a chama se extinguiu, Cláudia e sua mãe, Gilda Maria Faria Pires, decidiram manter viva a memória do "fogo eterno". Elas conservarão o galpão e uma tora que simboliza o que foi esse legado: um testemunho físico de uma era que, mesmo encerrada, continua a ecoar na consciência dos que valorizam e respeitam a cultura gaúcha.

Assim, a extinção do fogo de chão na Fazenda Boqueirão nos leva a refletir sobre a importância de equilibrar tradição e preservação ambiental, para que novas gerações possam herdar não só a memória, mas também o espírito vibrante da cultura que moldou a história do Rio Grande do Sul.

Foto: Divulgação |  Rádio JB

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