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Nossa visão de mundo grega (final). Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)
Por Rádio JB
Publicado em 13/03/2025 16:16
Opinião

 

         Enquanto o Império Romano se solidificava, também se espalhava pelos quatro cantos da terra a cultura grega que os romanos haviam preservado e absorvido desde a invasão da Grécia. O mundo inteiro passa então a sofrer a influência da cultura grega, o que perdura até hoje.

         Praticamente todas as artes (teatro, poesia, literatura, cinema etc.) são baseadas em algum princípio grego. Não há uma só carreira profissional tradicional (magistério, arquitetura, engenharia, advocacia, astronomia etc.) que não siga teorias gregas. Não há uma só área das ciências (política, filosofia, matemática, medicina, botânica, biologia, direito, ética etc.) que não apresente traços do saber intelectual grego. Aliás, a maioria dos termos mais abrangentes relacionados às ciências que estudamos hoje são de origem grega, como filosofia, democracia, política, ética, cidadania, república etc.

         Mas essa influência da cultura grega não ficou apenas nas artes, nas ciências ou em outras áreas culturais, tendo atingido em cheio também as concepções tradicionais das religiões sobre Deus, fé, salvação, pecado e outras figuras relacionadas à espiritualidade. Modificaram-se, portanto, as formas de o homem buscar o transcendente, o que o impulsionou a abandonar a fé em um só Deus e adotar o culto ao politeísmo pagão, cuja linha filosófica ajudara a criar e manter toda a cultura discriminatória da política grega que defendia ser vontade de algum deus que uns vivam com fartura, dignamente, e outros experimentem toda sorte de desgraça, como a miséria, a discriminação e a injustiça social.

         Claro que a imoralidade e a injustiça já existiam muito antes dos gregos. Mas os gregos teorizaram defendendo as maiores injustiças imagináveis, como a escravidão e a discriminação de pessoas.

         Foi nesse tempo de dominação romana que nasceu Jesus. Numa terra chamada Judá, fortemente marcada pela religiosidade, em que a maioria dos religiosos tradicionais, embora cressem em um só Deus e procurassem fazer o bem, também viviam sob forte influência da cultura grega (quando Jesus nasceu, logicamente a Palestina também era dominada pelo Império Romano).

         Mas Jesus não se impressionou com o poder dos romanos, muito menos com a cultura grega que incutiram na vida das pessoas. Ainda muito jovem começa a denunciar as injustiças sociais, a corrupção política e a hipocrisia dos religiosos, opondo-se de forma veemente a quase tudo o que provinha dessa cultura grego-romana. A ele nunca importou a tradição, os costumes ou o que a sociedade pensa a seu respeito; só importou-lhe a verdade, a justiça e o amor.

         Para a sociedade da época, mulheres, crianças, mendigos, criminosos, doentes incuráveis e pobres não passavam de coisas, não eram cidadãos, não tinham direito a nada. Para Jesus, essas pessoas eram exatamente iguais aos imperadores, rabinos e generais.

         Com os olhos da cultura grega, a sociedade via a aparência exterior, apenas, como grau de escolaridade, posses ou poder político. Mas Jesus via o coração das pessoas.   

         Certa feita (quando sua fama já se havia espalhado), algumas crianças tentavam aproximar-se de Jesus. Foram retiradas por adultos, que haviam internalizado a cultura grega segundo a qual criança é objeto, coisa, portanto despida de qualquer direito.

         Jesus aproveita esse episódio para fazer um discurso que desmonta até mesmo o conteúdo dos sermões mais bem elaborados do Judaísmo: “se vocês não se tornarem como essas crianças, não esperem ter parte no reino de Deus” (continua em edição posterior).

Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)

Imagem ilustrativa reprodução redes sociais

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