Mais uma semana marcada por acidentes de trânsito com mortes na região. Dói na alma o número de jovens que perderam a vida, incluindo o médico de Nova Ramada. Mortes completamente evitáveis.
Há tempo insisto que está mais do que na hora de educar nas escolas os adolescentes sobre tipos de carros e sua manutenção. Não basta só ensiná-los sobre regras de trânsito. Se as pessoas conhecessem como funciona, como usar e para que serve cada tipo de automóvel, poder-se-ia evitar quase a totalidade das mortes nas estradas.
Os pais não se cansam de aconselhar: “não corra”, “use cinto”, “não beba”, “não faça racha”. Mas conselho já não surte efeito. Os jovens continuarão bebendo e dirigindo, disputando pega, não usando cinto, e correndo. Correndo muito. Sem qualquer preocupação com a vida. Eles são imortais, oniscientes e onipotentes. É assim que se enxergam.
E as moças? Elas continuarão preferindo andar com rapazes que fazem isso. Para elas esses são mais inteligentes, bonitos e poderosos. Todo-poderosos. A ponto de desafiar os pais, a lei e a morte. É triste. Mas é a verdade imbatível.
E os adultos, porque não aprenderam nada sobre seu veículo, continuarão também dirigindo perigosamente.
Mas o que posso fazer para evitar um acidente? Aqui vão duas dicas de segurança de quem desde criança é apaixonado por estudar tudo o que os especialistas dizem sobre carros. De quem já fez mais de dois milhões de quilômetros ao volante por esse Brasilzão de Deus. Tenho muitas dicas, mas vou dar as duas principais, que estão ao alcance dos pais.
Primeira: nunca compre carro hatch para seu filho. Aquele curtinho. Esse tipo de carro foi projetado para a cidade e não para estrada. Não é carro para correr. E não interessa a marca. É uma questão de gravidade. Ponto.
Mas como convencer meu filho a aceitar um sedan? Aí é uma questão de educação. Você tem que ensinar as crianças sobre carros desde que elas nascem, pois todos vivemos no meio dos carros. Até aos doze anos de idade elas escutam. E colocam na cabeça para sempre. Depois dos doze, só Deus.
Acompanhe os jornais, e você verá que quase 100% dos veículos que perdem a estrada, entram debaixo de caminhões e batem em árvores são veículos hatchs. Parece uma coisa mágica. Mesmo em 80 por hora eles derrapam, principalmente quando a pista está molhada. Não posso aqui dizer os modelos que mais saem da estrada. Mas eu sei. E eles são todos hatchs.
Segunda dica: aprenda tudo sobre pneus. Vire um fanático pela qualidade dos pneus do veículo. Os pneus são o principal fator de segurança de um carro. Eles são a própria estrutura de sustentação do veículo no solo. São para o carro exatamente o que o fundamento de concreto e aço é para um prédio de 50 andares. A coisa é séria mesmo.
Sou um chato no assunto de pneu. Outro dia vi o carro de um amigo com quatro pneus novos. – Fui no Paraguai e calcei meu auto – disse ele orgulhoso. Observei que até as “tetinhas” eram falsas. Ele ficou chocado quando comecei passar as pontas dos dedos nos pneus e mostrar os caroços por baixo da borracha nova. Data de fabricação e demais identificações obrigatórias, nenhuma. De perfil contra a luz do sol era possível ver as ondulações da borracha lateral. Pneu todo empenado. Tive que explicar ao coitado:
- É carcaça juntada em lixão ou borracharia. Na Argentina e Paraguai tem muito disso. Refabricam o pneu em fundo de quintal. Fica novinho em folha. Mas uma bomba relógio.
Entender de pneu não é fácil. Para achar um pneu bom, são mais de 50 itens a serem observados com atenção. Mas é a vida que está em jogo. Então vale a pena.
Hoje vou apenas apontar duas dicas sobre pneus que pretendo desenvolver em um próximo artigo.
Primeira: verifique a data de fabricação. Isso mesmo. Pneu tem vida útil, conforme norma específica da ABNT. Tem prazo de validade como um pacote de farinha ou um par de sapatos. A data de fabricação deve estar impressa em local bem visível.
Segunda: verifique a classificação quanto à segurança. Como uma geladeira nova, o pneu tem que apresentar, impresso na borracha, essa classificação, representada por uma letra, que vai de A a G (continua em edição posterior).
Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)