Um carro só é bom quando apresenta três características fundamentais: segurança, economia e conforto. As caminhonetes são de regra sempre mais seguras que os carros pequenos. Mas algumas delas não oferecem conforto e economia. E os veículos pequenos, para que possam ter essas três características, devem ser sempre sedãs. Carro hatch jamais será seguro para a estrada. Praticamente 100% dos carros que perdem a estrada e causam acidentes fatais são hatch.
Agora volto ao assunto dos pneus, que iniciei em edição anterior. Já escrevi que pneu tem que ter data de fabricação e selo de qualidade, dois itens que o consumidor precisa observar. Do contrário, não espere segurança para viajar. Seu carro pode ser uma bomba relógio.
Digo isso porque tenho visto tragédias que não teriam acontecido se os pneus dos veículos estivessem em condições de segurança. Famílias inteiras entrando debaixo de caminhões ou capotando contra barrancos e árvores. Na maioria das vezes por causa de pneus ruins. Claro que um carro hatch por natureza não é seguro para a estrada, foi inventado para andar na cidade. Se os pneus forem ruins, então, a viagem será sempre uma tentativa de suicídio. Mesmo sem abusar da velocidade.
Numa loja quiseram me empurrar quatro pneus “novos” com sete anos de fabricação. Uma “promoção”, disse o vendedor. Pneus que já perderam a vida útil. Vencidos. Só servem para derreter e fazer asfalto. Quando percebeu que eu não era ignorante no assunto, o gerente trouxe lá dos fundos quatro pneus com dois meses de fabricação. Dentro dos padrões legais vigentes desde 2015 no Brasil. Prestativo e sorridente, ainda me fez um preço bom.
Imagina só, um pneu que ficou um ano no pátio da fábrica, dois ou três no porto de Santos, no relento, a uma temperatura de 60 graus num container de lata, dois anos no galpão ou no pátio do distribuidor, e agora mais um ano ou dois perambulando pelas lojas de varejo. Isso não é mais pneu; é uma bomba. Está ressequido, empenado. Podre. Mas está em promoção. Vou comprar. E viajar com minha família. Que loucura! Por 30 pila menos, cada pneu.
Por favor, veja bem a data de fabricação do pneu. Na loja tem sempre um mais novo do que aquele que te oferecem.
Por favor, veja sempre a classificação de segurança. Só compre aquele que tiver a letra A em relação à aderência em piso molhado. Essa classificação tem que estar impressa no pneu.
Aderência em piso molhado é a capacidade do pneu não derrapar na estrada molhada. Numa situação de emergência, alguns metros podem fazer toda a diferença. Um pneu classe A pode salvar sua vida. Veja só. Um veículo de passeio a 80 km/h com pneus classe A consegue parar 18 metros antes do que um com pneus de classificação F. Imagine conseguir parar 18 metros antes de bater no barranco ou entrar debaixo de uma carreta!
Por favor, calibre os pneus sempre que for abastecer. E antes de uma viagem. Sempre. Mas veja no manual do carro quantas libras o fabricante recomenda. E coloque sempre duas a mais para as nossas estradas. É o que faço.
Por favor, ande sempre com as rodas originais do veículo. O fabricante passou 50 anos pesquisando a melhor roda para a segurança do seu carro, e você permite que seu filho adolescente troque por rodas compradas de um “magrão” da lojinha da esquina. Que loucura. Que burrice! Um suicídio.
Por favor, não use pneu do Paraguai. A menos que você seja suicida ou um grande idiota.
Estou pedindo um favor pela sua vida, mas pela minha também. Você pode não dar valor à vida, andando com pneus ruins. Pode até querer morrer, mas não tem o direito de invadir a minha pista e bater no meu carro.
Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)