Os peixes marinhos que vivem a 900 metros de profundidade, ou mais, não nadam. Sua maneira de locomoção é diferente em razão da pressão intensa da água. A extraordinária força da pressão da água sobre os corpos nessa profundidade pode ser comparada a dois automóveis empilhados sobre o nosso dedinho do pé, diz um pesquisador americano. O peso da água funciona como uma poderosa prensa. Um homem que saísse do submarino nessa região seria imediatamente esmagado.
Paradoxalmente, os animais marinhos e peixes que vivem nessa profundidade são extremamente moles. Seus corpos são gelatinosos. Muitos deles simplesmente desmancham quando são tocados pelas nossas mãos. E como sobrevivem em ambiente de tamanha pressão? Em 2009 foi descoberto e capturado por lá um desses peixinhos de gelatina. Quando colocado em contato com a luz, a parte da cabeça que protegia os olhos simplesmente derreteu, deixando exposta até mesmo a parte interna dos olhos.
Mas há outro mistério curioso a respeito dessas criaturas das profundezas. Esses peixes moles vivem no mínimo o dobro em relação aos que estão na superfície. Não há explicação lógica para isso, pois esse ambiente completamente escuro e gelado apresenta, além do frio e da falta de luz, inúmeras outras formas de insalubridade que não ocorrem na superfície. Por exemplo, eles vivem em uma espécie de cemitério, pois no mar profundo depositam-se todos os restos mortais dos seres vivos que morrem lá em cima e não são aproveitados por algum animal marinho. E ainda estão expostos a uma contínua chuva de fezes e outros detritos animais e vegetais, sem falar nos poluentes mortais derivados do lixo produzido pelo homem. Como podem então essas criaturas tão frágeis, logo nesse ambiente, viverem o dobro daqueles que habitam a superfície oceânica?
Mais uma coisa. Em 1977, descobriu-se perto da costa do México, no fundo do oceano, uma cordilheira de montanhas de rochas vulcânicas. A 2.600 metros de profundidade, essa cordilheira mede 65.000 quilômetros de comprimento. Todas as montanhas enfileiradas têm a forma de uma chaminé. Ocorre que a cada erupção sobem das profundezas milhões de toneladas de rocha derretida, que, ao entrarem em contato com a água gelada do oceano, solidificam-se, tomando a forma de uma chaminé.
Apesar de sua estonteante beleza, um vulcão é sempre uma poderosa máquina de matar. Não só porque derrama rios de lavas incandescentes que vão derretendo tudo o que encontram, mas principalmente porque expele os gases mais tóxicos já conhecidos pela ciência. Dentre eles o cianeto, o gás usado por Hitler para exterminar prisioneiros nas câmaras de execuções. Por isso, antes da descoberta da cordilheira vulcânica do México, os cientistas não tinham dúvida de que a erupção de um vulcão no mar seria algo realmente catastrófico para toda a vida marinha.
Ficaram então assombrados, pois um vulcão em plena atividade, distribuído por 65 mil quilômetros, nenhuma morte provocava. Quando examinaram a água do local, constataram ainda mais assombrados: havia nela bilhões de bactérias que se alimentavam exatamente dos gases mortais expelidos pelas chaminés. Claro que não acreditaram, pois bactéria morre com venenos vulcânicos. Mas depois de repetirem os exames por muitas e muitas vezes, não deu outra: aquele tipo de bactéria só existia ali, e só se alimentava dos gases tóxicos do vulcão. Mais: quando o vulcão adormece, elas também desaparecem; quando o vulcão desperta nas profundezas, elas ressurgem. Para proteger o restante da vida marinha.
Quanta maravilha na Obra da Criação!
Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)